20.9.06

Tibum!
Mergulho na solidão do meu ser.
Uma grande, imensa piscina.
Coberta, com água morna.
Um lugar escuro.
Uma piscina funda.

Nado pra lá.
Nado pra cá.
Ninguém.
Nenhum som além dos que eu faço.

Nenhuma borda também.
Mas eu não me canso.

Nado de olhos abertos.
Fecho os olhos.
É quase a mesma coisa.

Me esqueço do resto.
Fico lá, boiando.
Relaxando.
Perdido em mim.
Perdido comigo.
Perdido num lugar conhecido.

Duvido que alguém saiba chegar até lá e me tirar dali.
Duvido, também, que eu mostre esse caminho pra alguém (por mais que eu queira).
Duvido que eu saiba sair de lá.
Duvido de mim? Duvido de mim.

Às vezes me canso.
Às vezes me irrito.
Às vezes me sinto molhado demais.
Outras vezes eu mergulho para molhar a cabeça.

E continua só meu som.
No máximo um eco de mim.
Não falo nada.
Não tem com quem falar.
Falo comigo pensando.
Falo comigo de olhos fechados.

O rosto molhado.
Lágrimas ou água da piscina?
Não sei.
Nem ninguém nunca saberá.

...

Minha cabeça é oca.
Lá tem eco.
Minha cabeça é oca.
Toda água que eu bebo se acumula lá.
Minha cabeça é oca.
Eu fico lá dentro, e ainda assim não vejo o fim.

Minha cabeça é oca e grande.

Nenhum comentário: